Uýra Sodoma, uma drag queen indígena em defesa da Amazônia

Uýra levanta severas denuncias sobre o modelo econômico imposto ao povo que vive em meio a floresta, utilizando a arte de potencia revolucionária com ramagens, sementes, conchas, folhas e flores como armas de reflexão, preservação e sustentabilidade

“Meu trabalho é questionar o que é natural, aquele de fato, e o que tem sido naturalizado e que tem nos matado”, explica Emerson Munduruku, biólogo e artista plástico que realiza em meio a igarapés poluídos performances explosivas com sua personagem queer Uýra Sodoma, a árvore que anda, como crítica a política ambiental dos governos em relação à Amazônia.

Uýra levanta severas denuncias sobre o modelo econômico imposto ao povo que vive em meio a floresta, utilizando a arte de potencia revolucionária com ramagens, sementes, conchas, folhas e flores como armas de reflexão, preservação e sustentabilidade. Bandeiras a favor dos direitos das mulheres e as populações LGBT+, Negra e Indígena, funcionam como base dos projetos do artista.

Emerson é descendente de indígenas da etnia Munduruku. Boa parte da sua atuação é feita, também, em comunidades ribeirinhas do Amazonas.

Sua personagem Uýra, quase como saindo da terra, ou camuflado na floresta como um animal, ensina aos jovens destas comunidades táticas artísticas de proteção do estilo de vida ribeirinho diante do avanço em ritmo acelerado do desmatamento.

 

Arte denúncia
Cenário progressivo de invasões de áreas florestais protegidas , além da insistência em um modelo industrial de geração de renda, como o tocada pela Zona Franca de Manaus, como sendo o único e principal impulso econômico capaz de distribuir riquezas, é duramente criticado por Emerson durante as intervenções sobre a Amazônia, dentro e fora do Brasil.

O artista classifica a atual política ambiental do governo federal como desastrosa e uma ameaça à Amazônia.”O governo Bolsonaro não gosta de gente, não gosta de floresta, não gosta de vida”, classifica.

“Chega de transformar a violência como paisagem. Nós povos indígenas, quilombolas e ribeirinhos, estamos a mais de 500 anos protegendo as florestas. Quando seu alimento, seu rio, sua terra é ameaçada, também somos ameaçados. A gente ta lutando pelo óbvio, que é a realidade”, diz.

Uýra tem utilizado suas redes sociais para divulgar campanhas de arrecadação de recursos para auxílio emergencial aos povos tradicionais da Amazônia. O cenário do novo coronavírus nas aldeias é alarmante e vem sendo colocado por lideranças indígenas como ‘devastador’.